27 de agosto de 2010

Borboletas ...


(...) A borboleta ouviu tudo silenciosamente, com um pequeno sorriso no canto da boca. Seus olhos refletiam uma admiração recíproca e ao mesmo tempo se encheram de lágrimas ao ouvir aquele monstro tão gentil e simpático se abrindo em belas palavras.
Disse:
- Ora meu querido elefante. Tenho toda a liberdade do mundo, posso ir onde quiser visitar quem eu quiser assistir e participar de tudo que me cerca. Posso voar e viajar longas distancias conhecer e admirar lindas flores. Posso até desaparecer e aparecer em lugares diferentes, mas por que achas que estou sempre aqui bailando por perto? Quando te vi pela primeira vez te achei estranho e diferente. Passei algum tempo da minha vida sendo uma pequena lagarta e morria de medo de que pudesse nem me perceber. O tempo foi me transformando, ganhei asas, cores e liberdade. Recebi da natureza o direito de ser e fazer o que quiser e escolhi ficar por aqui, vendo seu caminhar lento, mas constante, sua determinação e paciência em divertir todas aquelas crianças com suas brincadeiras. Sinto-me feliz em compartilhar essa liberdade com você. Embora tenhamos um contraste de posições, quero que saiba que estarei sempre por perto, pois também preciso dizer que te amo e o amor é o desejo de encontrar alguém que viva sinceramente a liberdade de amar alguém só pelo bem querer.
Num vôo rápido a borboleta pousou bem na ponta da tromba do elefante. Os dois se olharam e nada mais foi preciso para justificar aquela relação e o sentimento que os unia.

Nem todas as diferenças.
Nem todas as limitações.
Nem a sensação de que controlas a vida
pode impedir que a semente de um amor verdadeiro
seja semeada quando existe cumplicidade e respeito.
Alguns mais livres.
Outros mais confortáveis.
Será possível amar mais de um ser?

Sim, disse a borboleta.
Mas eles nunca entenderão.


Tico Santa Cruz .

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